O Viaduto Otávio Rocha é um monumento arquitetônico, turístico e cultural ímpar na América do Sul. Continuar lendo Tomadas da Borges
Porto Alegre Rústica e Sincrética
Caminhos Rurais de Porto Alegre: Cultura, História e Natureza
4/10 – 8 às 18h
Promovido pela UFRGS – Lhiste Laboratório de Ensino de História e Educação, acompanhado pelas professoras Caroline e Carmem. Guiado pela especial Mirta Fátima Maronesi Cavalheiro – 23.005413.969
Caminhos Rurais
A identidade marcária dos Caminhos Rurais composta de um pôr-de-sol degradê de amarelo por de trás dos morros graníticos em degradê de verde, é um símbolo neutro que acompanha a tendência gráfica em termos de movimento, mas não distingue o território, pois inexiste um elemento indicativo do Extremo Sul da Metrópole.
Lema: Na mesma cidade, um outro mundo.
Durante o roteiro passamos pelo bairro Cascata, Espaços de Cura (Hospitais e equestre), loteamentos diversos e conjuntos residenciais como o das Professoras ou do Minha Casa Minha Vida, posses de jogadores de futebol e simples padarias.
- 1ª parada
R. Santuário 400 – Belém Velho
Alisados pelo forte vento observamos o panorama da concentração de Porto Alegre, quase como uma skyline em contraposição aos condomínios emergentes da área rururbana que causam impacto visual e paulatinamente destroem a paisagem local.
Na lojinha do Santuário livros de história à venda, como: História do Bairro Cascata.
Centro de Belém Velho
Vista do casario açoriano e da Capela tombados pelo Patrimônio Histórico, comércio de rua.
Turismo de Base Comunitária no Lami
- 2ª parada
⇒ Cabanha Costa do Cerro de Nairo Guerisoli Estr. da Taquara 1834 – Lami
A identidade visual, como monograma, da Costa do Cerro é semelhante a um ferro de marcar gado, está disposta por espelhamento e deslocamento em inversão. Na porteira da Cabanha está fixado um perfil equino em ferro, indicando a atividade principal que é a hospedaria para cavalos. Fomos recepcionados, também, por cachorros guaipecas, saboreamos bolo de cenoura com chá de maçã na área rústica de convivência. Nas adjacências nos foi mostrado o Galpão Crioulo com relíquias colecionadas e das lides campeiras. O Cerro possui o reconhecimento de RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural. A Mariana comentou que existe a intenção de identificar os pássaros da região instalando placas pela Reserva e que já havia sido consultado um ornitólogo.
Através da trilha que leva até a cascata é possível divisar erupções de lagostins, motivo pelo qual pesquisadores da UFRGS vem estudando a região. O relevo remete ao quanto a cidade é rochosa.
- 3ª parada
⇒ Granja Lia de Luiz Carlos Boehl – Lami
A marca da Granja estampa a frondosa figueira centenária. As atividades principais são: agricultura (ameixa, pêssego), venda de ovos, fabrico de licores de frutas (araçá, bergamota, laranja, pitanga). A fala do proprietário estava prenhe de emoção (pertence à mesma família desde 1906, embora oriunda dos bairros Medianeira e Glória mantinham estas terras com tambo). Foi servido almoço campeiro, feito em panela de ferro, no fogão de campanha.
- 4ª parada
Praia do Lami
Em direção à orla passamos pela Reserva Biológica do Lami José Lutzemberger, foram instaladas pontes pênseis aéreas para passagem de primatas, entre um lado e outro da estrada. Um carrinho de milho verde em plena tarde; caminhamos na areia até o calçadão, presenciamos um ritual de batismo evangélico.
- 5ª parada
⇒ Sítio Capororoca de Silvana Bohrer
Est. do Varejão 2630, Beco Paraíso 951 – Lami
O logotipo é acentuado com uma folha da árvore capororoca, que acompanha a entrada do Sítio. A cerveja artesanal produzida no Capororoca chama-se Hund Bier e traz no rótulo um cão, significando guia. Fabricada em vários tipos e sabores, inclusive Uva do Japão. Silvana é co-autora do livro Alimentos da Biodiversidade: Receitas com Plantas Alimentícias. No Sítio Capororoca há integração entre cultivos de verduras (alface, couve), legumes (alho-porró, berinjela) e frutas (morangos, pêssegos – protegidos com saco de papel individualizado para a mosca da fruta não picar). Outro fator de prejuízo para eles é que as lebres atacam a plantação. A produção orgânica também é destinada a chimias, pastas salgadas de cenoura e hibiscus, pães caseiros com fermentação natural e adição de PANC – Plantas Alimentícias Não-Convencionais, cerveja viva.
A comercialização ocorre aos sábados nas Feiras Ecológicas do Bom Fim, Três Figueiras e da Tristeza. A Silvana nos contou como se deu o mutirão da bioconstrução de bambu à pique, incrustada por garrafas, de um local para degustações. Foi servido refrigerante natural (spritzbier) de picão, cerveja artesanal e pão de urtiga com chimia. Trouxemos tudo de bom!
Avistamos o complexo religioso da Tala
R. Luis Correa da Silva (seu pai, notável curandeiro) 220 – Lami
Conclusões entrelaçadas entre Cultura, História e Natureza:
A narrativa da Mirta, os questionamentos da Caroline e as colocações da Carmem foram fundamentais para termos consciência dos registros, da passagem do tempo e de que o passeio propiciou uma revisita individual, evocando em certos momentos nossas memórias olfativas (cheiro de mato), gustativas (comida da vó), devotivas e de horticultura (casa de infância) familiares, enriquecendo nosso vocabulário: RPPN, PANC e saltando aos nossos olhos a energia do bem que existe nos Caminhos Rurais. Cantei uma canção e lembrei de outra:
Eu fui no mato fui cortar capororoca pra fazer um galinheiro pra botar galinha choca.
Alecrim, alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado…
Adorei a experiência, foi um sábado memorável, com a oportunidade de rever o que nos construiu (Lembrei do Programa ‘As músicas que fizeram a sua cabeça’) e o lado rústico da Capital, com a RPPN, as figueiras, os alimentos greens, a acolhida simpática na Granja e no Sítio, boas risadas, chimarrão com gengibre e amizade!
Pós-Visita
5/10 CIT Centro de Informações Turísticas – Gasômetro
Busquei material sobre os Caminhos Rurais e não tinha nenhum folder. O CIT reinaugurado encontra-se muito bem instalado, com vários prospectos, melhorou bastante, mas ainda dá um largo espaço para propagandas de estabelecimetos comerciais. Os Caminhos Rurais são tão importantes como o Centro Histórico, e não dispor de informativos pertinentes ao Cinturão Verde da Capital Gaúcha é como um corpo urbano, só com cabeça (concentração habitacional, forte comércio e decisões políticas) e sem pé (na terra).
6/10 IFRS – Câmpus Porto Alegre
Prestigiei uma degustação de pães do Curso Técnico em Panificação e, para minha surpresa lá também ensinam a fazer pão com PANC: ora pro nobis e urtiga.
Pré-Visita
- Na concentração na Rótula da Setembrina, atrás do Instituto de Educação, antes da saída para o passeio comentava com as colegas sobre o caprichado livro Sabor de Calábria em que foi realizada pesquisa etnográfica aplicada a imigrantes oriundos da Calábria, residentes em Porto Alegre após a segunda guerra mundial, registrando os saberes culinários deles.
- Lembranças de outros atrativos da zona rural de Porto Alegre
Anos 90
Conheci o Morro do Sabiá. Era rotina ir à Belém, na morada dos Bianchini, antigos donos e exímios mestres de doçaria da extinta Confeitaria Veneta (famosa pelas tortas cobertas por tecido de chocolate), para comprar panetone (a essência vinha de Mendoza, onde residia o irmão) e profiteroles. Frequentava as noites de pizza do Amparo Santa Cruz.
Anos 2000
Por alguns verões fiz o City Tour Linha Turismo – Zona Sul. Conheci o Morro do Osso, com sua bela vista do todo da Cidade.
Experiências anteriores
- Branding Territorial de Pinto Bandeira – através da Escola de Design Unisinos avaliamos as características e potenciais locais e elaboramos uma proposta de projeto visando a valorização dos vinhos de montanha, o destaque da produção de frutas de mesa e das manualidades como cestaria, com a finalidade da reemancipação do distrito.
- Caminhadas voltadas à geografia humanística:
Viva o Centro a Pé – Porto Alegre – coordenado pela Liane Klein
Roteiros Geográficos do Rio orientado pelo queridíssimo João Baptista Ferreira de Mello
- Outras visitas guiadas: